Se dúvidas existissem sobre a devoção mariana do Arcebispo de Buenos Aires, o cardeal Jorge Bergoglio dissipou-as imediatamente depois de ter sido eleito Papa. Numa saudação ao cardeal Patriarca de Lisboa, logo após a eleição, o Papa Francisco pediu a D. José Policarpo que consagrasse o seu pontificado a Nossa Senhora de Fátima. A consagração foi feita pelos bispos portugueses na Cova da Iria, durante as celebrações do 13 de maio de 2013. Na primeira recitação do Angelus como sucessor de S. Pedro, no dia 17 de março, quatro dias depois da sua eleição (13 de março), o Papa Francisco faz uma referência à visita da Virgem Peregrina de Fátima a Buenos Aires, em 1992, a propósito da Misericórdia de Deus.
Primeiro contato com imagem da Capelinha O primeiro contato direto com a estátua que se venera na Capelinha das Aparições surge nos dias 12 e 13 de outubro, quando a imagem, a seu pedido, foi levada para Roma, para a Jornada Mariana, organizada pelo Conselho Pontifício para a Nova Evangelização. Na carta que enviara ao Santuário de Fátima, pedindo a presença da imagem em Roma, o cardeal Rino Fisichella, presidente daquele Conselho, escreveu ser «um desejo vivo do Santo Padre que a Jornada Mariana possa ter como especial sinal um dos ícones marianos entre os mais significativos para os cristãos de todo o mundo e, por isso, pensamos na amada estátua original de Nossa Senhora de Fátima». Em entrevista ao L’ Osservatore Romano, o Pe. Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário, sublinhara na altura o facto de esta viagem da imagem da Capelinha ocorrer em plena celebração do 13 de outubro, data da última Aparição de Nossa Senhora aos Três Pastorinhos. Esta coincidência, referiu, mostra uma ligação muito forte à figura do Papa, como elemento específico da Mensagem de Fátima e «do amor do Sucessor de Pedro por Fátima e pela sua mensagem». Uma ligação ainda mais evidente aconteceu quando a imagem foi levada, no dia 12 de outubro, ao mosteiro Mater Ecclesiae, onde reside o Papa emérito Bento XVI, que assim pôde mais uma vez rezar junto da Imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Sinal ainda mais forte, e sobretudo mais público, foi a paragem que o cortejo processional da imagem fez nesse dia no local da Praça de S. Pedro onde, a 13 de maio de 1981, João Paulo II foi alvo de um atentado, a que sobreviveu, como disse por várias vezes, pela «proteção materna» da Virgem de Fátima. Na tarde do dia 12, o Papa Francisco, depois de ter depositado um terço aos pés da imagem, colocada em destaque à entrada da Basílica de S. Pedro, afirmou: «Este encontro do Ano da Fé é dedicado a Maria, Mãe de Cristo e da Igreja, nossa Mãe. A sua imagem, vinda de Fátima, ajuda-nos a sentir a sua presença no meio de nós».
Consagração ao Imaculado Coração de Maria No final do encontro de encerramento da Jornada Mariana, após a missa, o Papa efetuou diante da imagem a consagração, em que agradeceu à “Bem-Aventurada de Fátima” a sua “presença materna” e pediu-lhe: «acolhe com benevolência de Mãe o ato de entrega que hoje fazemos com confiança, diante desta tua imagem que nos é tão querida». A referência seguinte a Fátima ocorre a 25 de abril de 2015, quando recebe em audiência privada o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, a quem transmite a sua vontade de peregrinar ao Santuário para as celebrações do Centenário das Aparições, dizendo que estaria presente se Deus lhe desse vida e saúde. Uma intenção que reafirmou mais tarde, a 7 de setembro, durante a visita ad limina dos bispos portugueses, afirmando: «tengo ganas de ir a Fátima» (quero ir a Fátima). A confirmação oficial foi feita em 16 de dezembro de 2016 através de uma breve nota do Vaticano, na qual se afirma que o Papa Francisco se deslocará em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima de 12 a 13 de maio de 2017, «por ocasião do centenário das Aparições da Bem-Aventurada Virgem Maria na Cova da Iria». A nota refere ainda que esta deslocação se faz a convite do Presidente da República e dos bispos portugueses. |