Centenário não estaria completo sem a canonização - D. António Marto
O Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, afirmou hoje que o Centenário das Aparições "não estaria completo sem a canonização" de Francisco e Jacinta Marto, de que tinha uma "esperança confiável", mas confessou que não esperava que a notícia viesse tão cedo
D. António Marto admitiu a possibilidade de a cerimónia se realizar a 13 de maio, em Fátima, durante a peregrinação do Papa Francisco ao Santuário de Fátima, mas sublinhou que a decisão é "competência exclusiva" do Santo Padre.
Fátima é mundial, mas os Pastorinhos são da diocese
"É um momento de alegria para o povo católico de Portugal e para Portugal inteiro, e o Centenário não estaria completo sem a canonização", sublinhou, em conferência de imprensa conjunta com o reitor do Santuário de Fátima, Pe. Carlos Cabecinhas, e com a Postuladora da Causa da Canonização de Francisco e Jacinta, Irmã Ângela Coelho.
Como bispo de Leiria-Fátima, referiu que o anúncio constitui uma "grande alegria", pois "Fátima é mundial, mas os Pastorinhos são da diocese".
A melhor das notícias no Centenário
Para o reitor do Santuário de Fátima, esta é "a melhor das notícias no Centenário das Aparições", pois vem sublinhar, "por esta via da santidade, uma Mensagem que mantém toda a atualidade".
O Pe. Carlos Cabecinhas, que manifestou "grande regozijo" pela notícia, destacou também que se trata da canonização de "duas crianças que são parte integrante da Mensagem e história de Fátima".
A Irmã Ângela Coelho, a quem D. António Marto prestou louvor público pelo trabalho desenvolvido, sublinhou o fato de Francisco e Jacinta serem os mais jovens santos não-mártires na história da Igreja Católica.
"E nasceram aqui, nesta diocese", acrescentou, assinalando a "feliz coincidência" de a canonização ocorrer em ano de celebração do Centenário das Aparições.
Coincidência também salientada pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), em comunicado em que se congratula com a notícia da aprovação do milagre atribuído aos dois videntes de Fátima.
O porta-voz e secretário da CEP, Pe. Manuel Barbosa, acrescentou que se aguarda "com serena expetativa" a decisão sobre o local e data da cerimónia de canonização.
Canonização ao fim de 65 anos
O Vaticano anunciou hoje que o Papa Francisco tinha aprovado o milagre da cura de uma criança brasileira atribuído aos dois Beatos, última etapa do processo de canonização de Francisco e Jacinta Marto, iniciado há 65 anos.
A decisão sobre o local e data da cerimónia será tomada numa reunião do Papa Francisco com os cardeais (Consistório), marcada para 20 de abril.
Os irmãos Francisco e Jacinta Marto presenciaram, juntamente com a sua prima Lúcia, as Aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, entre maio e outubro de 1917.
Francisco, que morreu com 11 anos, e Jacinta, que faleceu antes de completar 10 anos, estão sepultados na Basílica de Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, juntamente com Lúcia.
O processo de canonização dos dois irmãos iniciou-se a 30 de abril de 1952, quando o bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, abriu os dois processos diocesanos sobre a fama de santidade e as virtudes dos dois irmãos.
Seguindo caminhos paralelos, a fase diocesana do processo de Jacinta é encerrada em 2 de julho de 1979, contendo 77 sessões e 27 testemunhos. O processo de Francisco é encerrado, um mês depois, a 1 de agosto, com 63 sessões e 25 testemunhos.
Dez anos depois, em 13 de maio de 1989, João Paulo II decreta a heroicidade das virtudes de Francisco e de Jacinta e os dois pastorinhos passam a ser considerados veneráveis, o que acontece pela primeira vez na História da Igreja Católica com crianças não-mártires.
A partir daqui os dois processos são unidos num só.
O passo seguinte no processo de beatificação de Francisco e de Jacinta ocorre dez anos depois, em 28 de junho de 1999, quando o Papa João Paulo II promulga o decreto sobre o milagre da cura de Emília Santos, obtido por intercessão dos dois Pastorinhos, abrindo o caminho à beatificação, cuja celebração veio a acontecer, em Fátima, no ano seguinte, em 13 de maio.
A beatificação estava a ser preparada para ter lugar em Roma, mas por vontade do Papa polaco, a celebração foi transferida para Fátima, onde João Paulo II beatifica Francisco e Jacinta Marto, apresentando-os à Igreja e ao mundo como «duas candeias que Deus acendeu para iluminar a humanidade nas suas horas sombrias e inquietas».
O decreto pontifício concede que os veneráveis Francisco e Jacinta sejam considerados beatos, com festa litúrgica a 20 de fevereiro.
A Irmã Lúcia esteve presente na celebração da beatificação dos primos e teve nessa altura o seu último encontro com João Paulo II.
A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, de que alguém é digno de culto público universal (no caso dos beatos, o culto é diocesano) e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.
Conferência de Imprensa 23/03/2017
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