27 de abril, 2017
Uma cruz oferecida pelo Padre Pio, uma custódia para a bênção dos doentes, um cálice oferecido pelos doentes de Portugal e um cibório ou píxide (taça com tampa para colocação das hóstias consagradas) são as alfaias litúrgicas a usar na Missa do dia 13 de maio, presidida pelo Papa Francisco. Trata-se de peças já existentes no Museu do Santuário de Fátima e que são usadas nas cerimónias do Tríduo Pascal, tendo sido igualmente utilizadas (à exceção da custódia) pelo Papa Bento XVI, a 13 de maio de 2010, refere uma nota da Secção de Arte e Património do Santuário. Aliás todos os paramentos a utilizar nas cerimónias são os existentes ou trazidos pelos próprios concelebrantes, como é o caso do Papa Francisco, que usará vestes trazidas do Vaticano. A cruz, de bronze, de autor desconhecido, mas dos anos 50 do século passado, foi oferecida em 1959 ao Santuário por São Pio de Pietrelcina, mais conhecido por Padre Pio, em agradecimento pelo que considerou ter sido a intercessão de Nossa Senhora de Fátima na cura de uma grave doença que o tinha acometido. A imagem da Virgem Peregrina visitou a comunidade onde o Padre Pio se encontrava, doente, nos dias 5 e 6 de agosto desse ano. Com uma grande base circular com três pés, a cruz mostra o símbolo dos Franciscanos Capuchinhos (uma cruz sobre dois braços cruzados e a inscrição “Paz et Bonum”). Apresenta ainda uma placa com a inscrição “Dono di padre Pio alla Madonna di Fatima portato da Radighieri Elisio R. R. Italia" (oferecida pelo padre Pio a Nossa Senhora de Fátima transportada por Radighieri Elisio R. R. Italia)
O cálice e o cibório ou píxide a usar pelo Santo Padre na Missa foram executados em 1967 e em 1970 por José Rosas, joalheiro do Porto. O cálice, de ouro e esmalte, de 1967, foi uma oferta dos doentes de Portugal, que doaram mais de 7.000 objetos em ouro, além de jóias, para que fossem transformados nesta peça. O cálice apresenta a base guarnecida com folhas relevadas e conta com vários espécimes gemológicos (pedras preciosas e pérolas) resultantes das peças de ourivesaria e joalharia ofertadas. A copa, que está ligada diretamente à base, é revestida com um trabalho de esmalte na cor verde. “Simbolicamente, os doentes quiseram que a sua condição de debilidade se associasse à dor do Sangue derramado por Cristo na sua entrega pela humanidade”, refere a nota do Santuário. A píxide foi mandada executar no mesmo joalheiro em 1970 pelo então reitor do Santuário, Pe. António Antunes Borges, para completar o conjunto de patena e cálice oferecido pelos doentes de Portugal. A peça é feita a partir de jóias oferecidas a Nossa Senhora de Fátima, tendo a sua criação sido possibilitada pelo mecenato de uma benemérita.
A custódia para a bênção dos doentes, cerimónia que o Santo Padre quer realizar ele próprio, é uma estreia em celebrações com a presença de um Papa, mas tem sido utilizada nas Peregrinações Aniversárias. Desenhada pela arquitecta Joana Delgado, consultora do Serviço de Ambiente e Construções do Santuário, a peça, em outro e prata, foi executada em 2011 na Casa Leitão & Irmão, os mesmos autores da Coroa da Imagem de Nossa Senhora que se encontra na Capelinha das Aparições.
A custódia tem base elíptica a suportar a haste onde se vê um anjo, numa alusão à 3.ª Aparição do Anjo aos Pastorinhos de Fátima, no outono de 1916. Dado que a peça tem grandes dimensões, para permitir ser vista de qualquer ponto do Recinto, a haste pode dividir-se em duas partes, para maior facilidade de utilização durante a bênção dos doentes e restantes peregrinos. A parte superior da custódia é composta por sete elementos, que, à maneira de resplendor, citam a morfologia de ramos de uma árvore, aqui claramente associada à oliveira da paz, à azinheira das aparições ou ainda à árvore da vida. Ao centro, a custódia apresenta o recetáculo para a exposição da hóstia. Este elemento é envolvido por moldura de ouro recortada com as folhas de oliveira, por onde trespassa uma ténue luz. O Santo Padre preside a 12 e 13 de maio à primeira Peregrinação Internacional Aniversária do Centenário das Aparições, durante a qual procederá à canonização dos pastorinhos, os beatos Francisco e Jacinta Marto, que serão os mais jovens santos não-mártires da Igreja. Francisco é o quarto Papa a visitar Fátima, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (por três vezes, em 1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010). |